terça-feira, 22 de setembro de 2009
(...)
Não impota
o tamanho da ferida
o que sangra
isola o que a boca
silencia
rompe-se o lacre
selo de segredos
é fatal
que o vão da ferida desnude a palavra
fincada ao rés
para sempre muda
veladura.
Partilha
Em um lugar pequeno
quardarei se coubesse
a brisa
o milagre
e as palavras
em outro lugar menor ainda
esconderia o brilho dos olhos
farol ou lamprina
na caixa de marfim
libertaria o riso
nas mãos pequenas
sem maciez o gesto inconsciente
diria adeus.
Um gesto
Meu tesouro
são as quatro paredes
a uma cadeira
o coração aquecido
e um lápis
a palavra me guia
na direção oposta da rima
dizer é controverso
na falta de arroz e peixe
e azeite para o candeeiro
tateio o escuro e a fome
alguém me dará água
nesse gesto
luz.
Aurora da Graça é poeta e professora da Universidade Federal do Maranhão. É autora de Cavalo Douradoo, Nó de brilho e Memória da paixão, todos publicados pela editora Sioge. Atualmente reside em São Luís. Poemas retirados da Revista Cult, nº139.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
O Quereres
Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim
_______________________________________
Palavras minhas: Não me peças pra ser algo definido, posto, estático, pois terei o prazer em ser o contrário.
domingo, 26 de abril de 2009
TODO DIA É DIA DE ÍNDIO
No dia 19 de abril no Brasil comemoramos uma data especial, o dia do índio. Por muitos anos essa data passou por mim de forma despercebida, era apenas mais um feriado, um dia sem aula, o qual eu ficaria fazendo algo bastante improdutivo, passando os canais da TV! Esse ano foi diferente, completamente diferente.
Há algum tempo venho me interessando mais e mais por me aproximar dos povos indígenas, de conhecê-los. Interesse que aumentou ao começar a fazer parte de um grupo de pesquisa que estuda o direito, a identidade e o multiculturalismo (PEDIM), na faculdade em qual curso Direito. Com o contato com textos e pessoas que os conhecem e admiram sua diversidade, seu modo de vida, a vontade só aumentou.
Finalmente entre os dias 14 e 17 de abril, tive meu primeiro contato direto com os índios, ocorreu
O que aprendi? Que um o preconceito pode estar escondido em um pequeno gesto, um simples, “e índio faz isso?”, pode ser tão ofensivo quanto um, “índio é bicho preguiçoso”. Podemos por a culpa em nossa educação que peca significadamente em nos oferecer dados históricos dos primeiros habitantes de nosso país, bem como daqueles que foram trazidos para cá a força, os negros. No entanto, isso não explica a estranheza que lhes é dirigida, os adjetivos maldosos e longe de serem ingênuos, não explica a falta de humanidade como em alguns casos, ou muitos casos, são tratados nos dias de hoje.
Humanidade, humano, ser humano, homo sapiens, ser pessoa, ser gente, o que significa? O que faz alguns classificarem seres humanos como inferiores ou superiores? Por que isso? Não somos todos SERES HUMANOS? Sim, somos. Haaaa... mas tem um detalhe, não somos pertencentes da mesma cultura, pertencemos a realidades diferentes, eu não sou igual culturalmente ao um russo, ao um americano, longe disso. Realmente, a forma como os índios desse país vivem é diferente, os costumes são diferentes, a língua é diferente. Mas somos todos seres humanos, que possuem sentimentos, que são amados por alguém, que amam alguém, que vivem e convivem.
Convivência, a arte de conviver entre pessoas que nem sempre irão de acordo com o que você pensa, o que você acredita que é certo. Aceitar ser diferente culturalmente de outras pessoas, e procurar conviver de uma forma respeitosa, nem sempre ambos irão concordar, mas se houver espaço para o diálogo, já é um passo enorme.
Essa diferença cultural é a explicação para os índios terem sido quase dizimados do nosso mundo, de terem sidos escravizados, acorrentados, torturados? O fato de um Europeu trancado em seu castelo, possuindo uma mente tão fechada e com os olhos voltados somente pro seu umbigo, ter se proclamado como civilizado? Que o seu modelo de civilização deveria ser imposto aos outros, pois seu modelo era/é bom?
O que assistimos, e infelizmente ainda vemos, foi um etnocídio, um genocídio cultural, quando o “eu” veio e impôs sua cultura ao “outro”, por considerá-lo inferior. O “eu” olha o outro como diminuído, ver suas práticas culturais como deprimentes, ridículas, inferiores, imorais, acredita que sua cultura é referência para a humanidade. Chagam armados com armas de fogo, facas ou com um livro que contém a fala de apenas um homem, escrito a séculos e que interpretado da forma errada, é capaz de provocar verdadeiros desastres.
A luta pela sobrevivência, a luta pelo direito de ser índio, foi isso que me impressionou na semana. A luta pelo direito de viver sua vida da forma como foi criado, de ter um lugar pra viver, o direito a comida, à alimentação, o ORGULHO de bater no peito e dizer “EU SOU ÍNDIO (A) E TENHO ORGULHO DISSO”, negar a etiqueta de “outro” e dizer que também é brasileiro, é cidadão desse país e que merece ser respeitado com tal, e que faz parte desse mundo. Esse foi o meu saldo, meu aprendizado e minhas reflexões nos dias que se passaram, que me levaram a uma conclusão: TODO DIA É DIA DE ÍNDIO.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Semana dos Povos Indígenas no Maranhão 2009
A realização deste evento em 2007 e 2008 obteve uma avaliação positiva por parte de seus realizadores, contribuindo para proporcionar uma visão positiva da sociedade maranhense em relação aos povos indígenas. Esta terceira edição da Semana objetiva ser um evento político cultural, no qual os indígenas serão os principais protagonistas. Estes irão expor sobre suas práticas sócio-culturais, demonstrando sua cosmovisão; mitologias; rituais; cerimônias e suas formas de conviver com o mundo natural e espiritual.
Durante a Semana acontecerá uma série de atividades de divulgação da riqueza e da diversidade cultural dos povos indígenas tais como: mostra de vídeos etnográficos; exposições de fotografias; oficinas temáticas de pintura corporal; cantos; mitos e língua; mesas redondas; feira de artesanato e exposição de acervo arqueológico; material etnográfico e material didático indígena.
A Semana dos Povos Indígenas no Maranhão 2009 tem como objetivo central possibilitar e estimular junto à comunidade maranhense e brasileira, de modo geral, a discussão sobre a identidade cultural dos povos indígenas.
A Semana pretende, ainda, aumentar a visibilidade dos povos indígenas diante do Estado e da sociedade maranhense, pela valorização de suas expressões culturais materiais e imateriais e pela sua livre expressão enquanto agentes sujeitos de sua história.
Assim, seguindo a dinâmica dos eventos anteriores, a Semana dos Povos Indígenas no Maranhão 2009 será formada por diferentes eventos, que possibilitem contemplar esses objetivos. Serão realizadas Mesas Redondas, com a participação de representantes das etnias que falarão sobre alguns de seus principais rituais; mídia e cinema; educação e desenvolvimento sustentável.
Serão apresentados, ainda, trabalhos acadêmicos e não-acadêmicos em sessões especiais; Oficinas Temáticas ministradas por representantes dos diferentes povos indígenas no Maranhão abordando temas como as mitologias, cânticos, histórias e tradições orais, línguas indígenas, artesanato e outros.
Durante a Semana dos Povos Indígenas no Maranhão serão realizadas, ainda, mostra arqueológica, arte, artesanato e material didático produzido pelos professores indígenas enfocando a cultura material e a educação dos povos indígenas no Maranhão, com a apresentação de objetos utilitários e cerimoniais do acervo etnográfico do CPHNAM, exposições fotográficas e mostra de filmes e vídeos etnográficos sobre as culturas indígenas no Maranhão e em outras regiões do Brasil. Compõe ainda essa Semana, apresentações de danças e cânticos indígenas, como forma de valorização dessas manifestações pelo Estado e sociedade maranhense.
ATIVIDADES PREVISTAS
MESA DE ABERTURA: Abertura solene que contará com a presença, do Exmo. Sr. Governador do Estado, de representantes das secretarias de Estado envolvidas, das agências, instituições indigenistas e de representantes dos povos indígenas no Maranhão.
- Jackson Kepler Lago – Governador do Estado
- João Batista Ribeiro – Secretário de Cultura
- Lourenço Vieira da Silva – Secretário de Educação
- Cláudia Cristhina Lobo – Administradora Regional da FUNAI – São Luís
- Deusdédit Carneiro Leite – Diretor do Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão
- Sônia Bone Guajajara – Liderança da COAPIMA
CONFERÊNCIA DE ABERTURA: Jecinaldo Barbosa – Coordenador Geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB e liderança do povo Sateré Maué – Amazonas
- Apresentação Cultural (Guajajara da região do Pindaré e Amarante), lançamento do livro sobre os índios do Maranhão e apresentação do vídeo sobre a semana dos povos indígenas 2008; Coquetel.
Local e Data: 14 de Abril – Teatro “Alcione Nazaré” - Centro de Criatividade “Odylo Costa, filho” – Horário: 19:00 Horas.
MESAS REDONDAS:
Serão realizas sessões temáticas abordando diferentes aspectos sociais culturais políticos e simbólicos dos povos indígenas. Participarão dessas Mesas representantes dos povos indígenas, de organizações não-governamentais atuantes nesses campos específicos, representantes de associações e outras organizações indígenas a nível local e regional.
MR 1 - Ritos de Passagem: o Ketwayê dos Rankokamekra – Canela
Participantes Convidados:
- Francisquinho Tep Hot – Aldeia Escalvado
- Raimundo Nonato Koiré – Aldeia Escalvado
- Marinaldo Kenikum – Cantor – Aldeia Escalvado
Moderadora: Rose Panet – Antropóloga – Doutoranda em co-tutela entre a Ecole Pratique des Hautes Etudes/FR e a UFMA
Local e Data: 15 de Abril - Teatro “Alcione Nazaré” - Centro de Criatividade “Odylo Costa, filho” – Horário: 8:30 às 12:00 Horas.
MR 2 - Ritos de Passagem: a Festa da Menina Moça dos Tenehara – Guajajara
Participantes Convidados:
- Maria Santana Guajajara – Parteira e liderança da Terra Indígena Arariboia
- Cíntia Santana da Silva – Professora Bilíngüe Guajajara – Aldeia Lagoa Quieta
- Francisco Paulino Guajajara – Cacique da Aldeia Lagoa Comprida
Moderador: João Damasceno Jr. – Coordenador do Setor de Etnologia e Museologia do Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão.
Local e Data: 15 de Abril - Teatro “Alcione Nazaré” - Centro de Criatividade “Odylo Costa, filho” – Horário: 14:00 às 17:00 Horas.
MR 3 – Movimento Indígena Nacional.
Participantes Convidados:
- Sônia Guajajara – Secretária Geral da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão - COAPIMA e liderança do povo Guajajara – Maranhão.
- Romancil Cretã Kaingang - Coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Sul - ARPIN e liderança do povo Kaingang – Santa Catarina
- Uilton Tuxá - membro da Comissão Executiva da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo - APOINME
- Gersen Baniwa - Professor e antropólogo. Conselheiro do Conselho Nacional de Educação e Diretor do Centro Indígena de Estudos e Pesquisas é liderança do povo baniwa do Alto Rio Negro - Amazonas.
Local e Data: 16 de Abril - Teatro “Alcione Nazaré” - Centro de Criatividade “Odylo Costa, filho” – Horário: 8:30 às 12:00 Horas.
MR 4 - “Escola Krikati e a luta por uma educação diferenciada”.
Participantes Convidados:
- Silvia Cristina Puxcwyj Krikati – Coordenadora da escola – Aldeia São José
· Lourenço Krikati – Membro da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão – COAPIMA.
- Edilena Torino Krikati - Professora – Aldeia São José
Moderador: Gersen Baniwa - Membro do Conselho Nacional de Educação e Diretor do Centro Indígena de Estudos e Pesquisas e liderança baniwa do Alto Rio Negro - Amazonas.
Local e Data: 16 de Abril – Teatro “Alcione Nazaré” - Centro de Criatividade “Odylo Costa, filho” – Horário: 14 às 17 Horas.
MR 5 - “Mídia, Cinema e Fotografia entre os Povos Indígenas”.
Participantes Convidados:
- Jair Krikati – Festa do Gavião - Aldeia São José
- Agnelo Temrité Wadzatsé – Representante da COIAB – Conselho das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira e liderança Xavante - Mato Grosso.
- Rose Panet – Antropóloga – Doutoranda em co-tutela entre a Ecole Pratique des Hautes Etudes/FR e a UFMA
- Murilo Santos – Cineasta e Professor da Universidade Federal do Maranhão
- Moderador: Cláudio Zanonni – Professor do Departamento de (UFMA)
Exibição do filme: Massacre de Alto Alegre
Local e Data: 17 de Abril – Teatro “Alcione Nazaré” - Centro de Criatividade “Odylo Costa, filho” – Horário: 8:30 às 12:00 Horas.
MR 5 – “Terras Indígenas, Meio Ambiente e Etnodesenvolvimento”
Participantes Convidados:
- Valdemar Ka’apor – Terra Indígena Alto Turiaçu
- Jonas Gavião – Associação Wyty Cate dos Povos Timbira do Maranhão e Tocantins
- Kleber Karipuna – Secretário-executivo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB - Amapá
- Representante da Fundação Nacional do Índio (FUNAI)
- Representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA)
- Gersen Baniwa - Professor e antropólogo. Conselheiro do Conselho Nacional de Educação e Diretor do Centro Indígena de Estudos e Pesquisas é liderança do povo baniwa do Alto Rio Negro - Amazonas.
Moderadora: Profª Drª Maria Elizabeth Coelho – Mestrado
Local e Data: 17 de Abril – Teatro “Alcione Nazaré” (CCOCf) – 14 às 17 Horas.
3.4 PAINÉIS E OFICINAS TEMÁTICAS
a) Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e Aplicados:
Participantes: Professores, Graduados e Pós-graduados; Técnicos de Instituições Indigenistas (FUNAI, FUNASA, SEDUC, etc); Alunos concludentes; Representantes de ONGs e Associações; Representantes Indígenas e outros apresentarão trabalhos acadêmicos (Teses, Dissertações e Monografias, resultados de pesquisa; projetos aplicados) sobre temas relacionados aos povos indígenas no Maranhão e Brasil. Após cada ciclo de apresentações será promovido debates junto aos presentes.
Local e Data: Dias 16 e 17 de Abril/2008. Sala de Multimídia (CCOCf)
Horário: 14 às 17 Horas.
b) Oficinas Temáticas: Representantes dos diversos grupos indígenas no Maranhão ministrarão oficinas sobre elementos de cultura imaterial (cantos, danças, mitos, línguas) e de cultura material (adornos corporais, artesanato, instrumentos musicais e utensílios) desses povos. Aberto aos interessados.
Local e Data: Dias 16 e 17 de Abril – Instalações do CCOCf –
Horário: 9 às 11:30 Horas.
· 16 de Abril, Sala de Pinturas - Oficina de pintura corporal, ministrada pelos Guajajara, com o apoio do Departamento de Artes da UFMA.
· 16 de Abril, Sala de Multimídia – Oficina de Mitos, Cantos e Danças dos Canela, que recepcionarão o público e contarão historias tradicionais de seu povo (apresentação de instrumentos musicais).
· 16 de Abril, Sala de Danças – Oficina de Mitos, Cantos e Danças dos Ka’apor que recepcionarão o público e contarão historias tradicionais de seu povo (apresentação de instrumentos musicais).
· 17 de Abril, Sala de Pinturas - Oficina de pintura corporal, ministrada pelos Canela, com o apoio do Departamento de Artes da UFMA.
· 17 de Abril, Sala Multimídia – Oficina de Mitos, Cantos e Danças dos Krikati que recepcionarão o público e contarão historias tradicionais de seu povo (apresentação de instrumentos musicais).
· 17 de Abril, Sala de Danças – Oficina de Mitos, Cantos e Danças dos Guajajara que recepcionarão o público e contarão historias tradicionais de seu povo (apresentação de instrumentos musicais).
EXPOSIÇÕES e MOSTRAS
a) Exposição “Cultura Material da Pré - História do Maranhão”
Mostra de peças do Acervo do CPHNAM contendo artefatos cerâmicos, líticos dos povos pré-históricos do Maranhão.
Local: Galeria do CCOCf. – Período:
b) Exposição “Arte Indígena no Maranhão”
Mostra que reunirá acervo da cultura material contemporânea dos diversos povos.
Local: Galeria do CCOCf. – Período:
c) Exposição: O Cotidiano e o Ritual entre os Povos Indígenas no Maranhão.
Exposição que reúne painéis fotográficos de diversos autores, tiradas no dia a dia e nos momentos rituais das mais diferentes Terras Indígenas.
Local: Galeria do CCOCf – Período:
d) Mostra de Vídeos: “Curtas Nômades”
A mostra apresentará documentários etnográficos de produção local e nacional e percorrerá diversos espaços tais como: escolas de ensino médio e universidades.
Locais: Cine Praia Grande; Escolas e Universidades – Período:
e) Feira “Arte e Artesanato Indígena”
Feira de artesanato elaborado com as mais diversas matérias primas, contendo colares, pulseiras, brincos, maracás, cestos, bolsas, saiotes, redes, arco e flecha.
Local: Praia Grande - Período:
APRESENTAÇÃO DE CANTOS, DANÇAS AO SOM DE INSTRUMENTOS MUSICAIS INDÍGENAS.
Serão apresentados Cantos e Danças de diferentes culturas indígenas no Maranhão: Tenetehara (Guajajara); Timbira (Canela; Krikati; Pukobyê; Krepum); Kaapor.
Local: Saguão do CCOCf e Anfiteatro - Dias 15, 16 e 17 de Abril – 17 às 19 Horas.
domingo, 8 de março de 2009
8 de março Dia Internacional da Mulher
Pelo que as mulheres lutam hoje no Brasil?
De acordo com o Centro Feminista de Estudos e Acessoria, o movimento brasileiro feminista contemporâneo, luta por três causas principais - a legalização do aborto; a garantia dos direitos das mulheres no mundo do trabalho, especialmente no contexto da crise financeira mundial; a defesa por mais recursos e políticas para as mulheres.
Em relação ao caso recente de aborto e excomunhão, deixo um cordel do poeta popular Miguezim da Pincesa a cerca do assunto:
A excomunhão da vítima
*Por Miguezim da Princesa
I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração...
II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão..
III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.
IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.
V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.
VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.
VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.
VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.
IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.
X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.
(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa
Fonte:http://www.cfemea.org.br/noticias/detalhes.asp?IDNoticia=867
domingo, 1 de março de 2009
DECISãO PROFERIDA PELO JUIZ RAFAEL GONÇALVES DE PAULA NOS AUTOS DO PROC Nº 124/03 - 3ª Vara Criminal da Comarca de Palmas/TO
DECISãO PROFERIDA PELO JUIZ RAFAEL GONÇALVES DE PAULA NOS AUTOS DO PROC Nº 124/03 - 3ª Vara Criminal da Comarca de Palmas/TO:
A Escola Nacional de Magistratura incluiu, nesta sexta feira (30/06), em seu banco de sentenças, o despacho pouco comum do Juiz Rafael Gonçalves de Paula, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Palmas, em Tocantins.
A entidade considerou de bom senso a decisão de seu associado, mandando soltar Saul Rodrigues Rocha e Hagamenon Rodrigues Rocha, detidos sob acusação de furtarem duas melancias:
DECISÃO
'Trata-se de auto de prisão em flagrante de Saul Rodrigues Rocha e Hagamenon Rodrigues Rocha,que foram detidos em virtude do suposto roubo de duas (2) melancias. Instado a se manifestar, o Sr. Promotor de Justiça opinou pela manutenção dos indiciados na prisão..
Para conceder a liberdade aos indiciados, eu poderia invocar inúmeros fundamentos: os ensinamentos de Jesus Cristo, Buda e Gandhi, o Direito Natural, o princípio da insignificância ou bagatela, o princípio da intervenção mínima, os princípios do chamado Direito Alternativo, o furto famélico, a injustiça da prisão de um lavrador e de um auxiliar de serviços gerais em contraposição à liberdade dos engravatados e dos políticos do mensalão deste governo , que sonegam milhões dos cofres públicos, o risco de se colocar os indiciados na Universidade do Crime (o sistema penitenciário nacional)...
Poderia sustentar que duas melancias não enriquecem nem empobrecem ninguém.
Poderia aproveitar para fazer um discurso contra a situação econômica brasileira, que mantém 95% da população sobrevivendo com o mínimo necessário, apesar da promessa deste Presidente que muito fala, nada sabe e pouco faz.
Poderia brandir minha ira contra os neo-liberais, o consenso de Washington, a cartilha demagógica da esquerda, a utopia do socialismo, a colonização européia...
Poderia dizer que George Bush joga bilhões de dólares em bombas na cabeça dos iraquianos, enquanto bilhões de seres humanos passam fome pela Terra....
E aí? Cadê a Justiça nesse mundo?
Poderia mesmo admitir minha mediocridade por não saber argumentar diante de tamanha obviedade.
Tantas são as possibilidades que ousarei agir em total desprezo às normas técnicas.. Não vou apontar nenhum desses fundamentos como razão de decidir...
SIMPLESMENTE MANDAREI SOLTAR OS INDICIADOS...
QUEM QUISER QUE ESCOLHA O MOTIVO!
Expeçam-se os alvarás de soltura. Intimem-se'.
RAFAEL GONÇALVES DE PAULA
Juiz de Direito
Deixo a análise por conta de vocês...
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
A bomba atômica - Vinicuis de Morais
A bomba atômica
Einstein
...tu que és mulher e nada mais!
(Deusa, valsa carioca.)
Dos céus descendo
Meu Deus eu vejo
De pára-quedas?
Uma coisa branca
Como uma fôrma
De estatuária
Talvez a fôrma
Do homem primitivo
A costela branca!
Talvez um seio
Despregado à lua
Talvez o anjo
Tutelar cadente
Talvez a Vênus
Nua, de clâmide
Talvez a inversa
Branca pirâmide
Do pensamento
Talvez o troço
De uma coluna
Da eternidade
Apaixonado
Não sei indago
Dizem-me todos
É A BOMBA ATÔMICA.
Vem-me uma angústia.
Quisera tanto
Por um momento
Tê-la em meus braços
A coma ao vento
Descendo nua
Pelos espaços
Descendo branca
Branca e serena
Como um espasmo
Fria e corrupta
Do longo sêmen
Da Via Láctea
Deusa impoluta
O sexo abrupto
Cubo de prata
Mulher ao cubo
Caindo aos súcubos
Intemerata
Carne tão rija
De hormônios vivos
Exacerbada
Que o simples toque
Pode rompê-la
Em cada átomo
Numa explosão
Milhões de vezes
Maior que a força
Contida no ato
Ou que a energia
Que expulsa o feto
Na hora do parto.
A bomba atômica é triste
Coisa mais triste não há
Quando cai, cai sem vontade
Vem caindo devagar
Tão devagar vem caindo
Que dá tempo a um passarinho
De pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar!
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar
Mas que ao matar mata tudo
Animal e vegetal
Que mata a vida da terra
E mata a vida do ar
Mas que também mata a guerra…
Bomba atômica que aterra!
Pomba atônita da paz!
Pomba tonta, bomba atômica
Tristeza, consolação
Flor puríssima do urânio
Desabrochada no chão
Da cor pálida do helium
E odor de rádium fatal
Lœlia mineral carnívora
Radiosa rosa radical.
Nunca mais, oh bomba atômica
Nunca, em tempo algum, jamais
Seja preciso que mates
Onde houve morte demais:
Fique apenas tua imagem
Aterradora miragem
Sobre as grandes catedrais:
Guarda de uma nova era
Arcanjo insigne da paz!
Bomba atômica, eu te amo! és pequenina
E branca como a estrela vespertina
E por branca eu te amo, e por donzela
De dois milhões mais bélica e mais bela
Que a donzela de Orleans; eu te amo, deusa
Atroz, visão dos céus que me domina
Da cabeleira loura de platina
E das formas aerodivinais
– Que és mulher, que és mulher e nada mais!
Eu te amo, bomba atômica, que trazes
Numa dança de fogo, envolta em gazes
A desagregação tremenda que espedaça
A matéria em energias materiais!
Oh energia, eu te amo, igual à massa
Pelo quadrado da velocidade
Da luz! alta e violenta potestade
Serena! Meu amor, desce do espaço
Vem dormir, vem dormir no meu regaço
Para te proteger eu me encouraço
De canções e de estrofes magistrais!
Para te defender, levanto o braço
Paro as radiações espaciais
Uno-me aos líderes e aos bardos, uno-me
Ao povo, ao mar e ao céu brado o teu nome
Para te defender, matéria dura
Que és mais linda, mais límpida e mais pura
Que a estrela matutina! Oh bomba atômica
Que emoção não me dá ver-te suspensa
Sobre a massa que vive e se condensa
Sob a luz! Anjo meu, fora preciso
Matar, com tua graça e teu sorriso
Para vencer? Tua enérgica poesia
Fora preciso, oh deslembrada e fria
Para a paz? Tua fragílima epiderme
Em cromáticas brancas de cristais
Rompendo? Oh átomo, oh neutrônio, oh germe
Da união que liberta da miséria!
Oh vida palpitando na matéria
Oh energia que és o que não eras
Quando o primeiro átomo incriado
Fecundou o silêncio das Esferas:
Um olhar de perdão para o passado
Uma anunciação de primaveras!
Vinicius de Morais
http://www.viniciusdemoraes.com.br/