Veladura
Não impota
o tamanho da ferida
o que sangra
isola o que a boca
silencia
rompe-se o lacre
selo de segredos
é fatal
que o vão da ferida desnude a palavra
fincada ao rés
para sempre muda
veladura.
Partilha
Em um lugar pequeno
quardarei se coubesse
a brisa
o milagre
e as palavras
em outro lugar menor ainda
esconderia o brilho dos olhos
farol ou lamprina
na caixa de marfim
libertaria o riso
nas mãos pequenas
sem maciez o gesto inconsciente
diria adeus.
Um gesto
Meu tesouro
são as quatro paredes
a uma cadeira
o coração aquecido
e um lápis
a palavra me guia
na direção oposta da rima
dizer é controverso
na falta de arroz e peixe
e azeite para o candeeiro
tateio o escuro e a fome
alguém me dará água
nesse gesto
luz.
Aurora da Graça é poeta e professora da Universidade Federal do Maranhão. É autora de Cavalo Douradoo, Nó de brilho e Memória da paixão, todos publicados pela editora Sioge. Atualmente reside em São Luís. Poemas retirados da Revista Cult, nº139.
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Há 4 anos
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